Um retrato que me levou longe. E que me trouxe ainda mais perto.
Querida Helena,
Voltar para essa imagem é como abrir uma caixinha de lembranças que nunca envelhecem.
Seu retrato nasceu num dos momentos mais significativos da minha caminhada — numa época em que o estúdio ainda era na varanda da casa da minha mãe. Era simples, pequeno, improvisado. Mas havia ali uma força bonita, nascida do amor por registrar os primeiros dias da vida de alguém. E naquele cantinho de luz suave, você chegou: pequena, serena, cheia de delicadeza.
Esse clique — seu, tão seu — atravessou fronteiras. Foi com ele que tive a alegria de estar entre as 50 finalistas de um prêmio que reunia grandes fotógrafas brasileiras. Ver sua imagem em destaque em São Paulo foi um desses momentos que a gente guarda com brilho nos olhos. Um marco na minha trajetória. Um impulso para seguir. Uma confirmação de que, mesmo nos começos pequenos, há potência.
Mas, verdade seja dita, o mais valioso de tudo não foi o prêmio. Foi tudo que veio depois.
Te ver crescer. Te ver virar irmã. Fotografar outras fases da sua vida, outros sorrisos, outras delicadezas. Estive na sua casa. Você esteve no meu coração. E, aos poucos, nossa relação virou história.
Um dia, recebi um áudio da sua mãe, me contando que vocês estavam passando de carro perto do estúdio, e você perguntou:
“A gente vai na tia Gabi?”
Na hora, me emocionei. Essa pergunta inocente e doce me disse tanta coisa… Disse que você lembra de mim. Que o tempo vivido foi significativo. Que o vínculo que construímos segue aí, guardado em alguma parte do seu coração de menina — do jeitinho que eu também guardo você no meu.
É por isso que esse retrato está aqui, nesta série de cartas.
Porque nossa história começou com ele.
Porque ele foi um marco na minha vida profissional.
Mas, principalmente, porque foi o início de um laço que a fotografia me permitiu construir — e que vai muito além da imagem.
Obrigada por fazer parte da minha história, Helena.
E obrigada à sua família por me confiar tantos momentos preciosos.
É impossível contar a minha trajetória sem lembrar de vocês.
Com carinho e saudade boa,
Gabi